quinta-feira, 30 de maio de 2013

Apresentação do projecto 'Namban 470' no Instituto de Investigação Interdisciplinar da Universidade de Coimbra (IIIUC)

   No passado dia 13 de Maio, por ocasião do dia dos doutorandos e enquadrado na celebração dos 12 anos do Instituto de Investigação Interdisciplinar da Universidade de Coimbra (IIIUC)*, Inês Carvalho Matos, a doutoranda do programa "Patrimónios de Influência Portuguesa" que faz parte da organização do Namban 南蛮 1543-2013: Portugal e Japão (Namban 470) apresentou este projecto junto da Direcção e dos seus colegas aí presentes, mostrando como o mesmo pode ser mais um campo de acção do referido Instituto e da internacionalização da Universidade. 

   Com efeito, deste Abril deste ano que o IIIUC recebeu o Namban 470 e, em conjunto com a Reitoria, colaboram com a equipa da organização de modo a tornar possível uma celebração digna dos 470 anos Portugal-Japão na cidade e Universidade de Coimbra.  Para além da Direcção, membros do Secretariado e diversos doutorandos que compareceram a esta ocasião, estava também presente a representante dos doutorandos no Senado da Universidade - Sofia Morais. Nesse dia não foi possível estar presente o Ex.mo Senhor Vice Reitor Doutor Joaquim Ramos de Carvalho, que no entanto já se tinha reunido com a organização do Namban 470 a 19 de Abril. 


Dra. Cláudia Cavadas, directora do IIIUC, na apresentação do projecto 'Namban 470' junto de direcção e doutorandos  do IIIUC
Dra. Cláudia Cavadas e Inês Matos na apresentação do 'Namban 470' no IIIUC 






quarta-feira, 22 de maio de 2013

Apresentação do projecto Namban 南蛮 1543-2013: Portugal e Japão

Terá lugar no dia 1 de Junho, na Sala Arte à Parte em Coimbra, a apresentação do projecto Namban 南蛮 1543-2013: Portugal e Japão (Namban 470). A apresentação terá início às 14h.
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Estendemos desde já o convite a todos os nossos seguidores e apoiantes. Contamos com o vosso apoio.



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domingo, 12 de maio de 2013

João Rodrigues e o 'chanoyu' (Cerimónia do Chá)

     O conhecimento sobre o Japão chegou à Europa através dos textos escritos pelos ocidentais que lá se encontravam. Apesar de algumas referências míticas e sem experiência directa (como Marco Polo) foi apenas depois de descrições da cultura e sociedade japonesa feitas por quem lá estava que o Ocidente se apercebeu (lentamente) do valor desta outra civilização.

     A língua na qual os primeiros textos sobre o Japão foram escritos era a língua franca do comércio e da política mundial durante os séculos XVI e XVII, uma versão antiga que compila o castelhano e o português (que aliás, não eram línguas completamente distintas na época). Quanto aos autores, aqueles que tinham mais capacidade para descrever e relatar por escrito eram os Jesuítas.

     Estes religiosos são por vezes erradamente considerados meros "padres", mas não devemos esquecer que os Jesuítas recebiam uma formação equivalente à da moderna universidade, em áreas como a geografia, astronomia, matemática, linguística, e que davam grande valor à compreensão das culturas com as quais contactavam. Com efeito, algumas das características mais importantes do calendário ritual, diversos traços do comportamento social e mesmo descrições de história política e económica, foram feitas pelos Jesuítas que se encontravam no Japão.

Chanoyu -  の湯

     João Rodrigues, um português que chegou ao Japão em 1577, foi o primeiro a escrever sobre a "cerimónia do chá" - chanoyu  の湯. Ele próprio tinha chegado ao Japão com apenas 15 anos (mas tinha completado a formação jesuíta) e compreendia profundamente tanto a língua como a mentalidade japonsesas. Conceitos provenientes do Zen, que dizem respeito à contemplação, ao perfeccionismo e à minimalização estética, podem ler-se no seu tratado sobre o chá. Nesse documento escreve também sobre as folhas de chá, os utensílios e as codificações sociais associadas à cerimónia.

     Na verdade, o chá não cativou o Ocidente imediatamente. Esta experiência de João Rodrigues não era compreendida pelos Ocidentais, que consideravam muito estranho tanto a bebida em si como todo o ritual. Assim, o próprio texto de Rodrigues ficou relegado para segundo plano e largamente desconhecido.

  Cerimónia do Chá de Mizuno Toshitaka

Artigo em inglês da auturia de Steven D. Owyoung:
http://www.tsiosophy.com/2011/06/tea-and-jesuits-iii/


«Tem pois por profissão esta arte do Chá a cortezia, bom ensino, modestia, e moderação nas açoens exteriores, socego, e quietação do corpo, e alma, com humildade exterior, sem altiveza, e arrogancia, fugindo do fausto, pompa e aparato de fora, e magnificencia do trato forense, antes singeleza sem dobres como hé conveniente ao solitario do hermo, vestido honesto, e dessente, com certa ordem, limpeza, e chaneza em todas as couzas de seu serviço, e da conveniente a sua profissão, porque todos poem os olhos nos que professão esta arte, tendo fama no povo de homens de bons costumes, estimados, e reverenciados por taes. Donde para exercitarem estas couzas tocantes ao hermo, e apartamento, e contemplação o que há na caza e serviço della para os mover a saudades, e apartamento do trafego forense em algum modo, e a moderação das acçoens exteriores se convida a beber chá na dita caza, servindo o convite, e as demais cerimonias que alli se uzão tosca, e grosseiramente de exercício dessas couzas, e aparelho para beber o chá, que hé a recreação do hermo em lugar da do vinho de que uzão nos convites solemnes de trato politico.»

João Rodrigues, S.J.
História da Igreja do Japão, pp. 473-474