quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Data à vista!


   Informamos os amigos e apoiantes do projecto 'Namban 南蛮 1543-2013: Portugal e Japão' que após reunião da organização com o Sector Cultural da Embaixada do Japão em Portugal (na passada segunda-feira, 22 de Outubro), do qual obtivemos total receptividade e apoio institucional para o projecto, estabelecemos, por mútuo acordo, a data definitiva para o evento comemorativo dos 470 anos da chegada dos Portugueses aos Japão, evento que está na base de todo o projecto.

   Desta forma, tendo em conta o programa que pretendemos apresentar, o evento será realizado durante cinco dias, de 21 a 25 de Outubro de 2013 (segunda a sexta), com a hipótese de incluír actividades no fim-de-semana de 26 e 27.

   Contamos com a vossa presença e apoio daqui a um ano!
   Nos entretantos, novidades e curiosidades serão divulgadas no blogue oficial e na página comunitária (FB).

domingo, 21 de outubro de 2012

A chegada dos Portugueses ao Japão [crónicas]



«A ilha Jampon, segundo todos os Chijs dizem, que he moor que a dos Lequios e o Rey mais poderoso e maior e nomhe dado à mercadoria nem seus naturais».

Tomé Pires, Suma Oriental (1514)
(O texto mais antigo onde se encontra referida a palavra Japão.)


«Ao Sul da Província de Osumi existe uma ilha 18 ri afastada dessa província. Chama-se esta ilha Tanegashima… No Outono do ano 12 Tembun, aos 25 do 8º mês (23 de Setembro de 1543) chegou um grande navio a Nishimura Ko-ura.
Não se soube donde elle vinha. A guarnição do navio consistia de cerca de 100 homens. Seu aspecto distinto do nosso. Sua língua era para nós incomprehensíve. Todos os que viam se maravilhavam  […] estes homens são negociantes de Seinamban (país dos bárbaros do Sudoeste).»

Teppô-ki - 'Crónica da Espingarda' (1596-1614)


«No anno de 1542 achando-se Diogo de Freytas no Reino Siam  […] lhe fogiram tres portugueses em um junco que hia pêra a China; chamavam-se António da Mota, Francisco Zeimoto e António Peixoto […] & em poucos dias ao Levante viram huma ylha em trinta & dous grãos, a que chamam os Japões.»

António Galvão (1557)


«Como nos partimos desta cidade de Uzangué, e do que nos aconteceu até chegarmos à ilha de Tanixummá, que é a primeira terra do Japão»

 Fernão Mendes Pinto – Peregrinação (1583)






sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Masuda Shirō Tokisada

   Amakusa Shirō (1621? - 12 de abril de 1638) conhecido como Masuda Shirō Tokisada foi um samurai que liderou 37 mil pessoas de Shimabara e Amakusa na Rebelião Shimabara (entre 1637 e 1638) contra a perseguição aos cristãos japoneses levada a cabo pelas tropas enviadas pelo Shogunato Tokugawa. A rebelião só foi contida quando o governo de Edo enviou um contingente de 120 mil samurais comandado por Matsudaira Nobutsuna, homem de confiança do shogun Iemitsu.

   A rebelião acentuou a desconfiança do shogunato face aos católicos ocidentais, sendo estes acusados de promover e incitar a rebelião. Consequência directa deste acontecimento, os comerciantes portugueses foram expulsos do país e a proibição já existente sobre a prática do Cristianismo tornou-se mais rigorosa, o que resultou numa crescente perseguição aos católicos no Japão, que se reflectia nas execuções em massa, encarceramento e escravização quer de católicos estrangeiros (ex. padres) como japoneses convertidos. O governo Tokugawa promoveu também o pagamento de avultadas recompensas em troca de denúncias de cristãos clandestinos.

   Em suma, cristãos e estrangeiros tornaram-se o grande inimigo do shogunato, perturbadores da ordem e da harmonia social (e religiosa) instituída e um alvo preferencial a silenciar, o que contribuiu directamente para o incremento da política do «país fechado» promovida pelo shogunato que isolaria o Japão dos contactos com o exterior.




quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Mapa do Japão feudal (1564-1573)

  Divisão administrativa do Japão, 21 anos depois da chegada dos portugueses a terras nipónicas.

  Esta divisão corresponde aos últimos anos do Período Sengoku ('Estados em Guerra') e ao estabelecimento do Período Azuchi-Mamoyama (1573). Este período definiu a primeira fase da unificação do Japão, uma unificação que se tornou possível, em grande parte, devido às campanhas militares de Oda Nobunaga e do seu sucessor, Toyotomi Hideyoshi.

  Reflexo das suas proezas no campo militar e administrativo, Nobunaga e Hideyoshi, aos quais se junta Tokugawa Ieyasu, são desde então conhecidos como os 'Três Grandes Unificadores do Japão'. 

   Ieyasu, que se tornaria shogun ('Grande General') em 1600 após uma decisiva vitória na Batalha de Sekigahara, estabeleceu o Shogunato Tokugawa, que unificou definitivamente o Japão, unificação que se mantém até à actualidade. O clã Tokugawa permaneceu ininterruptamente no poder até à queda do shogunato, com a Restauração Meiji, no séc. XIX.



   Este mapa corresponde a um último vislumbre de um Japão que não existia como estado unificado a nível político (desde a queda do shogunato Ashikaga), onde a guerra civil redefinia constantemente as fronteiras regionais e onde o poder residia nas mãos dos daimyos ('senhores feudais') que encabeçavam os clãs mais poderosos e influentes das diversas províncias. Essas mesmas províncias estão realçadas neste documento, com os nomes dos clãs mais significativos do período a itálico, associados às respectivas províncias de origem. 





Fonte:
'A History of Japan during the century of early foreign intercourse (1542-1651)'
 Autores: James Murdoch e Isoh Yamagata

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Apresentação do projecto

      Em Setembro de 1543, navegadores portugueses acostaram na ilha japonesa de Tanegashima, localizada no arquipélago de Ōsumi, ao sul de Kyushu. Este acontecimento desencadeou aquele que se tornaria o primeiro contacto conhecido entre europeus e japoneses, dando início ao designado Período de Comércio Namban. A expressão namban (lit. ‘bárbaros do Sul’), que deu nome a este período, é uma palavra sino-japonesa que originalmente designava as pessoas do Sul e Sudeste asiáticos, adquirindo um novo significado quando passou a designar os europeus, uma vez que estes alcançavam as terras nipónicas pelo Sul, através das rotas de navegação do Mar da China.

      Teve então início um período de intenso intercâmbio cultural, resultante do encontro de dois mundos, o Ocidente e o Oriente, período este que duraria cerca de um século, até à expulsão dos europeus do arquipélago japonês, com a promulgação do Édito de Expulsão, integrado na política do ‘Sakoku’ (‘país fechado’) levada a cabo pelo Shogunato Tokugawa (Período Edo). A clausura internacional a que se submeteu o Japão e que isolou o país dos contactos culturais e comerciais com o estrangeiro (salvo raras e pontuais excepções) só viria a ser quebrada com a queda do shogunato no séc. XIX, com a Restauração Meiji.

     Para todos os efeitos, o Período de Comércio Namban define uma primeira fase de abertura do Japão ao exterior e de consequente e gradual ocidentalização do País do Sol Nascente (sendo o Período Meiji integrado numa segunda fase). No séc. XVI, a ocidentalização japonesa estendeu-se a vários campos, com a influência europeia a definir mudanças e revoluções significativas, sobretudo a nível tecnológico, social, artístico e religioso.

     Desde a introdução das armas de fogo pelos Portugueses (factor que viria a mudar drasticamente os campos de batalha no Japão feudal) ao advento do (controverso e polémico) Cristianismo nas terras nipónicas, sem esquecer as manifestações artísticas da designada ‘arte namban’ característica deste período, o Período Namban definiu uma nova etapa no desenvolvimento das relações internacionais: foi singular no contexto da Expansão portuguesa, numa fase em que o Império Português definia as suas longitudes mais remotas no Oriente (sem olvidar outras potências ultramarinas europeias) e no processo de abertura da sociedade japonesa ao exterior, num primeiro e discreto (mas sem dúvida decisivo) primeiro passo no caminho da ocidentalização, ao “lançar as sementes” para a concepção do actual Japão, na perspectiva de super-potência do mundo ocidental.

     Como em tantos outros exemplos, na comparação entre a Europa (representada concretamente pelos Portugueses) e o Japão, surgem assimetrias imediatas e definem-se as diferenças entre os dois mundos. No entanto, o contacto entre estas duas realidades civilizacionais tão díspares promoveu desde muito cedo um encontro e não um desencontro. As diferenças providenciaram um campo de aprendizagem mútuo, onde ocidentais e orientais partilharam e assimilaram em igual medida, de forma directa ou indirecta e não poucas vezes de forma fortuita. As diferenças que à partida poderiam colocar entraves à comunicação e ao relacionamento entre os dois povos foram dinamizadoras de um fenómeno único e vibrante em termos de intercâmbio cultural num curto período de tempo, que ainda hoje se manifesta e prevalece na sólida amizade entre Portugal e o Japão. Um fenómeno histórico e cultural que merece ser (re)analisado e estudado em maior profundidade.


     Por ocasião do 470º aniversário da chegada dos Portugueses ao Japão, em 2013, o projecto Namban南蛮 1543-2013: Portugal e Japão, em colaboração com o Centro de História da Sociedade e da Cultura da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, tem como objectivo essencial divulgar a vertente histórica e a herança cultural do Período de Comércio Namban, tendo como base a realização de um evento generalista que permita abordar as temáticas mais significativas deste período, onde se pretende promover uma salutar discussão histórica que permita delinear novas perspectivas e conclusões sob uma renovada luz, contribuindo assim não só para a divulgação mas também para um conhecimento mais aprofundado do período histórico.

      Tendo estes factores em conta, pretende-se a realização de um ciclo de conferências (entre outras actividades) subordinadas às temáticas mais significativas do Período Namban, inseridas em disciplinas concretas como a História da Expansão Portuguesa, História Militar, História da Religião, História da Arte, entre outras. No entanto, não se pretende apenas promover uma vertente académica no evento em questão, salientando-se também uma faceta mais cultural que servirá de complemento ao ciclo de conferências.

  Desta forma, dependendo do apoio institucional prestado, as actividades serão abrangentes, dentro das possibilidades, focando-se sobretudo na cultura japonesa, sem esquecer a relevância do 'encontro de culturas' em que se baseia o evento: Exposições (arte namban e história militar); Workshops (Caligrafia, Cerimónia do chá, Língua japonesa, Yukata, Haiku, Jogos tradicionais); demonstrações de artes marciais, música, ciclo de cinema e outras actividades, como a realização de um matsuri (festival tradicional japonês). Apesar das actividades acima mencionadas estarem desde já planeadas, nada impede (em princípio) que se juntem outras actividades ao evento, dependendo dos recursos à disposição da organização.

    Os dias em que decorrerá o evento ainda não estão confirmados mas serão divulgados atempadamente, com a divulgação do programa definitivo do Namban南蛮 1543-2013: Portugal e Japão.

    As novidades relativas à organização do evento serão divulgadas no blogue oficial e na página comunitária no Facebook, assim como algumas curiosidades pertinentes.


Contacto:
Email: namban470@gmail.com

Mais informações:
Blogue oficial: “Projecto Namban”: http://namban470.blogspot.pt/
Página comunitária (Facebook): https://www.facebook.com/Namban470

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Namban 南蛮 1543-2013

Organização de evento (blogue oficial).

Comemorações dos 470 anos da chegada dos Portugueses ao Japão.

*WORK IN PROGRESS*